“Apresento as minhas sentidas condolências à família de Laura Soveral.
Atriz de teatro e televisão, Laura Soveral fica sobretudo com presença fundamental do cinema português, em “Uma Abelha na Chuva”, de Fernando Lopes e em “Tabu”, de Miguel Gomes, mas também em “Francisca” ou “Vale Abraão”, de Manoel de Oliveira, ou em obras de, entre outros, José Fonseca e Costa, José Álvaro Morais, João Botelho e Teresa Villaverde.
Nascida em Benguela, Laura Soveral veio para a Metrópole em 1962. Estudou na Faculdade de Letras de Lisboa e frequentou o Conservatório. Estreia-se em palco no Teatro Nacional de Luanda. Na televisão, faz teatro e declama poemas no programa “Hospital das Letras”, de David Mourão-Ferreira. Tornar-se-á mais tarde uma presença regular em séries televisivas e telenovelas, entre as quais “Chuva na Areia”.
Em teatro, trabalhará com quase todas as principais companhias, ficando na memória as suas interpretações de textos de Kafka e de Arthur Miller com o Grupo de Ação Teatral, no Teatro Villaret, em 1970/71. A sua versatilidade ficara já assinalada na temporada 1968/69, quando venceu o Prémio de Melhor Atriz de Cinema, do SNI, o Prémio Bordalo e o Prémio da Imprensa, na categoria Teatro.
Não esqueceremos as personagens que nos deixou, altivas como a Maria Prazeres de “Uma Abelha na Chuva”, comoventes como a Aurora de “Tabu”, porque foi em Laura Soveral que os nossos cineastas pensaram quando quiseram que o cinema português fosse moderno.
Marcelo Rebelo de Sousa”