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Presidente da República lamenta a morte de Júlio Pomar

“É com grande pesar que apresento à família de Júlio Pomar as minhas sentidas condolências.

Júlio Pomar esteve, desde que nos lembramos, no centro não apenas da vida artística portuguesa, mas da vida cultural e cívica. Jovem comunista, membro do MUD juvenil, notabilizou-se pela representação das classes populares, num estilo próximo da teoria e da prática do neorrealismo, e naturalmente adversa ao regime político então vigente.

Ao longo das décadas, mantendo o pendor figurativo, vai interessar-se por diferentes estéticas, motivos e imaginários: pintou e desenhou clássicos da literatura, artistas, índios, cenas mitológicas, bem como um infindável e inconfundível bestiário, do qual nos lembramos especialmente dos tigres ou dos touros.

Além do desenho e da pintura, Pomar também se dedicou à ilustração, à gravura, ao azulejo e a outros modos de expressão plástica, sem esquecer os seus importantes textos teóricos. Um desses textos, «Da Cegueira dos Pintores», tem um título paradoxal, até porque associamos Pomar ao visível, tanto o visível social, sofrido, como o visível hedonista, jubiloso, cromático.

Além disso, que é muito, é impossível não destacar a figura humana de Júlio Pomar, aberto e dialogante, amigo de tantos pintores e escritores, e a sua atenção aos outros, que se prolongou no espaço de encontros que foi nos últimos anos e tem de continuar a ser o Atelier-Museu Júlio Pomar.

Júlio Pomar é também o autor do Retrato de Mário Soares, que se encontra no Museu da Presidência da República.

É de artistas como Pomar que se lembrará o futuro quando pensar neste tempo que é o nosso.”