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Presidente da República lembra Rubem Fonseca

Rubem Fonseca foi, sobretudo para as gerações nascidas na segunda metade do século passado, um dos ficcionistas de referência em português, um pouco à maneira do que Jorge Amado tinha sido alguns anos antes; mas ao invés do humanismo combativo e amável de Amado, a obra de Rubem Fonseca representou o Brasil desencantado, violento, às vezes cínico, um Brasil urbano, «americano», distante da imagem ruralista da ficção brasileira que sempre foi tão lida em Portugal.

Os seus romances e contos devem muito a um percurso profissional e existencial que fez de Rubem jurista, comissário de polícia, argumentista, experiências que deixaram a uma marca impressiva em textos onde o crime, a sexualidade, os episódios-choque e o laconismo lembram a melhor «pulp fiction», sem esconder totalmente por completo o homem culto e irónico.

Também cronista da história de Brasil, com a obra-prima «Agosto», sobre Getúlio Vargas, Rubem Fonseca alcançou grande popularidade e reconhecimento no seu país, tendo vencido diversas vezes o Prémio Jabuti; mas este filho de transmontanos emigrados também ganhou, um pouco tardiamente, lugar de destaque nas preferências dos portugueses e dos leitores lusófonos, tendo-lhe sido atribuído muito justamente o Prémio Camões em 2003.

No dia em que dele nos despedimos, deixo uma palavra de homenagem ao observador atento de um outro Brasil, ao escritor desenvolto, ao mestre da língua concisa e precisa.