Apresento as minhas condolências à família do escultor Alberto Carneiro.
Nascido num meio rural, descobriu cedo uma forte ligação à natureza, àquilo a que chamava a «personalidade» das árvores, o vínculo às coisas concretas, e a dimensão corporal dos ofícios. O trabalho como santeiro deu-lhe a primeira e marcante experiência artesanal.
Foi bolseiro no Reino Unido, onde estudou com Anthony Caro e Phillip King, e algumas das suas obras encontram-se hoje em várias partes do mundo; foi depois professor e pedagogo, no Porto e em Coimbra. Mas nunca escondeu a sua fundamental pertença à aldeia, às pedras, às madeiras, às cerejeiras da sua infância e adolescência.
Procurou por isso, incessantemente, uma arte «primitiva», primordial, com um cunho meditativo de traços orientais. Um seu amigo, o poeta Manuel António Pina, escreveu: “No atelier-floresta de Alberto Carneiro / as árvores crescem para o passado, / para o primeiro, para o incriado”.