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Presidente da República recorda Artur Portela Filho

Jornalista e filho de jornalista, cronista, ficcionista, investigador, presidente do Conselho de Comunicação Social e membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social, Artur Portela Filho foi um dos mais reconhecíveis estilistas portugueses do último meio século.

Os seus contos e novelas constituíram uma tentativa portuguesa de diálogo com o nouveau roman francês, uma das vanguardas possíveis, e com um modelo identificável, nos nossos anos 1960. Mas foi como jornalista, colaborador de vários jornais, diretor do “Jornal Novo” e da revista “Opção”, e sobretudo como cronista, que se notabilizou.

Se na ficção a referência era contemporânea e estrangeira, nas crónicas o padrão era oitocentista e português: o Eça de “As Farpas”, evidente patrono de “A Funda”, série regular de que foram publicadas sete coletâneas ao longo da década de 1970. Alegórico, sarcástico, paródico, barroco, o Artur Portela cronista é ainda hoje um dos melhores e mais truculentos guias dos anos de transição entre regimes, bem como das vicissitudes da jovem democracia, comentando a atualidade de forma bem mais empenhada do que na ironia distante que identificamos com o queirosianismo. Tal como “As Farpas”, “A Funda” continuará a ser lido como literatura mesmo quando nos esquecermos das personagens históricas.

Seu colega de lides jornalísticas, seu amigo e às vezes seu alvo, apresento à sua família as minhas sentidas condolências.

Marcelo Rebelo de Sousa