Jump to content (shortcut key c) Site Map
This website uses cookies to improve your user experience. By using this website you consent to their use.

Presidente da República evoca Maria Teresa Horta

Num livro recente sobre o cânone literário português, Maria Teresa Horta era a única escritora viva, e esse lugar conquistou-o cedo com as “Novas Cartas Portuguesas” (1973), de que foi co-autora com Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno.

Partindo das célebres “Cartas Portuguesas”, uma ficção francesa atribuída a uma freira portuguesa, Mariana Alcoforado, as “Novas Cartas” dessublimavam o sacrifício e a submissão, fazendo um retrato sociologicamente cru e linguisticamente inventivo da condição feminina nos anos finais da ditadura. Perseguido judicialmente, o livro teve vasta repercussão internacional, com Simone de Beauvoir e muitos outros intelectuais ao lado das “Três Marias” (a Revolução, entretanto, extinguiu os procedimentos).

A partir daí o nome de Maria Teresa Horta ficou associado como poucos à militância feminista, tanto no domínio político-social como no literário, bem como à polémica desassombrada e à franqueza erótica. Poeticamente, esteve ligada à contenção afirmativa da Poesia 61, que depois prolongou por outros caminhos; na ficção, uma das suas obras com mais impacto foi a biografia romanceada da Marquesa de Alorna, de quem era descendente.

Muito ativa no jornalismo, dirigiu o suplemento cultural de “A Capital”, foi chefe de redação da revista “Mulheres” e colaborou com os principais jornais portugueses. Em 2022 o Presidente da República agraciou-a com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade.

À sua família e amigos, e a todas e todas que fizeram dela uma inspiração e um exemplo, apresento sentidas condolências.

Related