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Mensagem do Presidente da República ao País sobre a sexta renovação do segundo estado de emergência

Portugueses,

Vou ser breve e claro.

Vivemos o período, de longe, mais difícil da pandemia, que dura há quase onze meses.

Temos dos mais elevados números da Europa.

A variante inglesa do vírus surgiu e propagou-se vertiginosamente, abarcando mais de cinquenta por cento dos casos em áreas como a Grande Lisboa.

A pressão sobre as estruturas da Saúde, sobretudo nessa Grande Lisboa, é extrema.

O número de mortes cresce a ritmo, há meses, inimaginável, e, com ele cresce a perigosa insensibilidade à vida e à morte, mesmo de familiares, amigos, vizinhos, companheiros de tantos lances da vida.

Com essa insensibilidade crescem ainda a negação do vírus e da sua gravidade, a negação da necessidade do estado de emergência e até do confinamento.

Mas nada disso – nenhuma dessas negações – resolve a multiplicação dos mortos, as esperas infindáveis por internamentos, o sufoco nos cuidados intensivos, o sofrimento de doentes Covid e não-Covid.

O que verdadeiramente importa nestes momentos mais difíceis, e mesmo mais dramáticos, é não perder a linha de rumo, não perder a determinação, não perder a capacidade de resistir, de melhorar e de agir.

Se for verdade que, desta vez, a vaga começou a Ocidente e Portugal é dos primeiros e não dos últimos a sofrer a pandemia, então é preciso agir depressa e drasticamente.

É esse o sentido das medidas, hoje, mesmo, tomadas ao abrigo do decreto que assinei logo após a autorização da Assembleia da República.

Temos de ser mais estritos, mais rigorosos, mais firmes no que fizermos e no que não fizermos – ficar em casa, sair só se imprescindível e com total proteção pessoal e social. Só assim será, efetivamente, viável testar a tempo e rastrear os possíveis infetados. Diminuindo a disseminação do vírus.

Temos de continuar a vacinar sempre melhor e ainda mais depressa. E sem criar especulações que nos enfraqueçam.

Ninguém de bom senso quereria fazer passar centenas ou um milhar de titulares de cargos políticos, ou de funcionários por muito importantes que fossem, de sopetão, à frente de milhares de idosos com as doenças mais graves, e, por isso, de mais obvia prioridade.

Temos de estar preparados para confinamento e ensino à distância, mais duradouros do que se pensava antes desta escalada.

Temos de, na medida do necessário, usar o controlo de fronteiras na entrada e na saída e, num como que auto-confinamento, a limitação da deslocação de nacionais para fora do território do continente.

Temos de esgotar todas as hipóteses na capacidade de resposta, em reformados, reservistas, formados no estrangeiro.

Não vale a pena esconder a realidade, fazer de conta, iludir a situação.

Porque essa situação é mesmo a pior que vivemos desde março do ano passado.

O que fizermos todos – poderes públicos solidários e Portugueses – até março, inclusive, determinará o que vão ser a primavera, o verão e, quem sabe, se o outono.

E joga-se tudo nas próximas semanas. Até março, inclusive.

Para que a vaga inglesa passe, sem surgir outra vaga, de outros Continentes, o que, desde já, estamos a prevenir.

E a que custo, como sabem.

Mas sabemos todos que o custo brutal destas medidas mais duras é, de longe, muito inferior ao custo em vida, saúde, economia e sociedade destruídas por uma pandemia que vá até outubro deste ano.

Temos mesmo de travar a escalada em curso. E já.

Seguindo o exemplo dos nossos profissionais de Saúde. Em carácter, consistência, entrega e espírito de missão.

Portugueses,

Será que ainda vamos a tempo? Claro que vamos a tempo. Mas este é o tempo de fazermos todos, poderes públicos e Portugueses, mais e melhor.