Académico, historiador, jornalista, colunista, homem político, Vasco Pulido Valente foi uma das figuras mais marcantes do espaço público português em democracia.
Escreveu na imprensa durante décadas, antes e depois da Revolução (O Tempo e o Modo, Almanaque, O Tempo, Expresso, Diário de Notícias, O Independente, Kapa, Público, Observador), publicou duas dezenas de livros e coletâneas de artigos, esteve à direita com a AD e à esquerda com o MASP, foi Secretário de Estado da Cultura, diretor de jornal, deputado, professor no Instituto de Ciências Sociais e da Universidade Católica.
Do ponto de vista académico, ficou sobretudo conhecido pela tese de doutoramento sobre a República, obra revisionista e ainda hoje polémica; mas também escreveu estudos e ensaios biográficos acerca de figuras oitocentistas e novecentistas, privilegiando uma História narrativa, essencialmente política, que acentuava certos eternos retornos que seriam uma sina portuguesa.
Como colunista, esteve quase sempre “às avessas”, para citar o título de um dos seus livros. Estrangeirado, pessimista, desalinhado, cáustico, era admirado como estilista mesmo por quem não partilhava das suas opiniões e humores. Tentou perceber Portugal, “país das maravilhas” ao qual dedicou muitos sarcasmos mas também o trabalho, a atenção e o empenho de toda uma vida, à vista de todos. A tudo isso juntava um génio analítico, que não poupava ninguém.
O Presidente da República, que inúmeras vezes foi, ao longo da sua vida, objeto dessa impiedosa independência crítica, e que sempre admirou muito, apresenta à Família de Vasco Pulido Valente as suas sentidas condolências.