A morte precoce de João Paulo Cotrim é uma notícia triste para a cultura portuguesa, e antes de mais para as artes das quais foi durante décadas um ativíssimo criativo e um incansável dinamizador.
Homem de muitos ofícios, escreveu livros para a infância, em colaboração com alguns dos mais talentosos desenhadores jovens, como João Fazenda ou André Letria, foi guionista, ficcionista, poeta, jornalista, cronista e ensaísta, além de biógrafo de Stuart Carvalhais e Rafael Bordalo Pinheiro, linhagem da qual descendia.
Três dos projetos da sua vida foram a Bedeteca de Lisboa, de que foi o primeiro diretor, o Salão Lisboa de Ilustração e Banda Desenhada, e a editora Abysmo. Em todos eles, e em muitos outros, congregou vontades, homenageou os mestres, incentivou os novos, aproximou gerações, exercitou a imaginação e o humor.
Era uma daquelas figuras sem as quais nenhuma cultura saudável vive: o fazedor talentoso que cuida da sua obra mas promove sobretudo a obra dos outros. À família de João Paulo Cotrim endereço os meus sentidos pêsames.