Saltar para o conteúdo (tecla de atalho c) Mapa do Sítio
Este sítio utiliza cookies apenas para melhorar a funcionalidade e a sua experiência de utilização. Ao navegar neste sítio está a consentir a utilização dos mesmos.

Mensagem do Presidente da República a propósito da realização das Eleições Legislativas

O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa dirigiu uma mensagem aos Portugueses a propósito da realização, no dia 30 de janeiro de 2022, das Eleições Legislativas.

“Portugueses,

Estas eleições para a Assembleia da República são, verdadeiramente, diferentes.

Diferentes porque, sendo as primeiras eleições parlamentares realizadas em pandemia e após rejeição, também pela primeira vez, de um Orçamento de Estado em Democracia, nelas confirmámos o domínio de três temas: a própria pandemia e a saúde; a urgente melhoria das condições de vida, a próxima fórmula governativa, por cada qual preconizada.

Diferentes, porque, nelas confirmámos que o choque da pandemia tem sido tão abrupto e prolongado que recuperar economia e mitigar pobreza e desigualdades sem mudanças de fundo, corre o risco de ser encharcar com milhões as areias de um deserto.

Diferentes, porque, nelas, confirmámos o relevo do voto antecipado, a sugerir a oportuna reponderação do dia de reflexão, pensado para outra época e para outras preocupações.

Diferentes, porque, nelas, confirmámos a falta de uma lei de emergência sanitária, de que falei há um ano, e a necessidade de revisão da lei eleitoral, tão rígida que exclui votação fora de domingos e feriados, e não permite horários flexíveis, assim fechando portas a situações excecionais.

Diferentes, porque, nelas, confirmámos uma audiência sem precedente nos numerosos e mobilizadores debates e entrevistas, em clássicos e novos meios digitais, a testemunhar o elevado empenhamento de partidos e seus dirigentes e o profissionalismo de jornalistas, e a aconselhar cuidado acrescido naqueles que pensam regressar, no futuro, a poucos e seletivos debates audiovisuais.

Diferentes, porque, nelas, confirmámos uma serenidade no mês seguinte à convocação das eleições, e uma pré-campanha e campanha, nalguns pontos, muito diversas das tradicionais, por causa da pandemia. Mas não menos, porque, de novo, com a participação de mais jovens, e, ainda, porque há certos meios e estilos que passaram e dificilmente voltarão a ser como eram.

Diferentes, porque, nelas, confirmámos, numa época de emoção incontida, mesmo em Democracias as mais antigas, evidente civismo, efetivo respeito pela diversidade, e até calorosa solidariedade, em situações e episódios mais sensíveis.

Tudo sem violência individual ou coletiva.

Numa palavra, nelas, confirmámos o apego de todos nós à Democracia, que é o regime da liberdade, do pluralismo, da aceitação do outro e dos outros.

Só falta, agora, para a grande maioria dos portugueses, o último passo – o do voto. Amanhã eu lá estarei, como sempre, com o meu, um em milhões, a dizer o que penso sobre os próximos anos para Portugal. Anos de saída de uma penosa pandemia, de urgente reconstrução da economia, da sociedade, do ambiente, da vida das pessoas, de difíceis desafios europeus, e de tensão mundial como já não existia há quase vinte anos.

Eu sei que pandemia, cansaço, conformismo, e outras razões do foro íntimo, são, para muitos, argumentos para escolher não escolher. Mas, nestas eleições tão diferentes, num tempo tão diferente e tão exigente, votar é também uma maneira de dizermos que estamos vivos e bem vivos, e que nada, nem ninguém, cala a nossa voz.

Sem temores nem inibições. Como o fizemos, em Setembro, nas eleições locais, e, há um ano, nas eleições presidenciais. Na altura, há um ano com mais de trezentos mortos por dia, mais de oitocentos cuidados intensivos e mais de seis mil internados. E sem vacinas.

Podemos, pois, amanhã, votar em consciência e em segurança.

A pensar em Portugal.”