Poeta, ficcionista, crítico, cronista, memorialista, Eduardo Pitta nasceu em 1949 numa Lourenço Marques onde a vida era diferente da vida na metrópole, mais espaçosa, mais livre, menos vigiada pela censura, de inclinação mais anglófona e com um mais amplo acesso à literatura e à cultura contemporâneas (através nomeadamente das boas livrarias laurentinas e sul-africanas).
Estreou-se como poeta em 1974, e veio viver para Portugal no ano seguinte. Tal como já acontecera em Moçambique, manteve colaboração regular na imprensa, destacando-se o trabalho como crítico literário nas revistas «Ler» e «Colóquio-Letras», textos depois reunidos em volumes que constituem uma breve história da poesia portuguesa de três décadas.
A sua própria poesia, culta, concisa, exata, por vezes agreste, tem como «marcas de água» (título de uma antologia de 1999) o fim do Império, o confessionalismo cifrado, as leis da atração e a condição homossexual, à qual dedicou também um ensaio pioneiro, «Fractura» (2003), e uma convicta militância sócio-política. Ao seu marido apresento as minhas condolências.