Professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, especialista em literaturas francesa e portuguesa e em literatura comparada, ensaísta, poeta, tradutor, colaborador de O Tempo e o Modo, Crítica, Vértice, deputado à Assembleia Constituinte pelo PCP, Manuel Gusmão nunca desligou no seu percurso a estética e a política, o rigor e a adesão, por vezes com um evidente cunho geracional.
Escreveu ensaios marcantes sobre Pessoa e Carlos de Oliveira, traduziu Francis Ponge, e acompanhou de perto, com densidade e empatia, a poesia de Ruy Belo ou Gastão Cruz, a prosa de Nuno Bragança ou Maria Velho da Costa.
À sua produção académica e ensaística, e à militância política, que nunca abandonou, acrescentou-se a partir de 1990 uma obra poética das mais significativas e mais singulares das últimas décadas, combativa e desencantada, exigente e vibrante, situada e oblíqua, em diálogo com o seu tempo e os seus pares.
Com esses livros conquistou um reconhecimento crítico alargado, vencendo os prémios APE, PEN, D. Dinis e Vergílio Ferreira.
À família de Manuel Gusmão envio as minhas sentidas condolências.