Augusto M. Seabra encarnou como poucos no Portugal contemporâneo a figura do crítico cultural.
Enquanto jornalista e crítico (nomeadamente no Expresso e no Público), mas também programador, consultor, produtor ou jurado, acompanhou com zelo, conhecimento, cosmopolitismo e opiniões fortes a música erudita (clássica e contemporânea), o teatro, o cinema, e, com grande intensidade, as políticas culturais.
Um dos últimos representantes de um tempo em que a crítica era determinante no espaço público, o seu vasto espólio foi devidamente encaminhado em vida para instituições relevantes, enquanto a sua obra escrita, ou seja, o seu trabalho e a sua memória, esperam ainda uma seleção e edição condignas.
Recordando uma longuíssima amizade, cumplicidade e apoio que lhe testemunhei, mesmo nas situações mais polémicas ou controversas, e, também, os encontros nos anos finais marcados por uma penosa doença, presto a minha homenagem à sua presença marcante nas artes, espetáculos e ideias em Portugal no último meio século.