Desde os primeiros livros, na década de 1980, que Adília Lopes estendeu o conceito do poético na poesia portuguesa contemporânea, jogando, de forma lúdica ou sofrida, com o trivial, o confessional, o falsamente inocente, o humorístico, o desarmante e até o perverso, não deixando de manter uma mundividência mais benevolente do que céptica, e jamais cínica.
Havia nos seus versos e nas suas anotações diarísticas uma dimensão de divertimento e um subtexto de desamparo que a tornaram única na sua geração e em qualquer geração.
Teve uma vida tão intensa quanto discreta, e o seu aparente prosaísmo deu-nos uma visão alternativa do que é a poesia.