No final da Missa de Exéquias de Francisco Pinto Balsemão, celebrada na Igreja Santa Maria de Belém, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, proferiu as seguintes palavras de evocação e homenagem:
“Ninguém é uma ilha no mundo. Antes se realiza pelos outros e com os outros.
Assim foi Francisco Pinto Balsemão, que hoje evocamos e sufragamos, com sentida homenagem.
Visionário. Visionário a fazer, pelos outros e com os outros, conhecer, pensar, escolher livremente, comunicar e partilhar solidariamente, antecipar tempos e modos, romper barreiras, desbravar horizontes, construir futuros com inventiva e rasgo.
Lutador. Lutador a promover causas, da próxima mais próxima, à nacional mais nacional, à europeia mais europeia, à universal mais universal. A nunca desistir, a preferir a solidão da resistência ao ditame da submissão, com coragem e com gosto do risco.
Otimista. Otimista escatológico, a acreditar sempre no amanhã, no depois de amanhã, e no depois do depois de amanhã, no eterno nascido dos pequenos grandes passos da caminhada, recomeçada, dia após dia, até ao limite do impossível, em rigor para além do limite do impossível, com inabalável esperança e fé.
Assim foi mais de seis décadas, num Portugal fechado, tal como num Portugal que ajudou a abrir para a Liberdade e para a Democracia.
Às vezes tão naturalmente que os seus passos pareciam não estar a mudar Portugal.
Mas estavam. Mudavam e mudaram a vida dos outros, a vida de todos nós.
Nunca foi uma ilha.
Sempre quis realizar-se pelos outros e com os outros.
E isso, que foi muito, que foi tudo, Portugal nunca esquecerá.”