Deixou-nos, quase centenário, António Borges Coelho.
Historiador de formação marxista, todos os quadrantes reconhecem a sua importância como medievalista e os trabalhos fundamentais que escreveu sobre a presença islâmica em Portugal, as Descobertas e a Inquisição: “Portugal na Espanha Árabe”, “Raízes da Expansão Portuguesa” e “A Inquisição em Évora”, tema ao qual dedicou a sua tese de doutoramento na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Publicou também diversas monografias e coletâneas, e sete volumes de uma “História de Portugal”. Membro do PCP, foi censurado, exilou-se, e esteve preso em Peniche em condições particularmente penosas. Mas assim como o historiador nunca se interessou apenas pelo coletivo, demorando-se em casos e vidas individuais, também o militante foi algumas vezes heterodoxo, e invulgarmente capaz de resistir não apenas à ditadura mas à amargura.
O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa atribuiu-lhe, em 2018, a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
À família do Professor Borges Coelho apresento as minhas condolências e presto a minha homenagem.