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Mensagem do Presidente da República ao País sobre a sétima renovação do segundo estado de emergência

Portugueses,

Tentarei, de novo, ser breve e claro.

Foram duas semanas difíceis.

Mas terminaram melhor do que haviam começado.

Começaram com números de infeções e de mortos dos piores da Europa e dos piores do mundo, pressão elevadíssima nas estruturas da Saúde, notícias pontuais de favoritismos no desvio de vacinas, sentimentos divididos quanto a apoios europeus, e, nalgumas vozes da opinião política, acenos a Governos de salvação nacional.

Foram dias, mais uns nesta saga de quase um ano, pesados para todos, dramáticos para bastantes.

Mas, foi precisamente o correr dos dias que permitiu esclarecer o que parecia incompreensível, decidir o que não podia esperar, trazer razão onde reinava a emoção, compreender o que estava a mudar.

Os Portugueses compreenderam que os apoios europeus eram simbólicos, não substituíam os heróis da Saúde, mas mostravam que numa verdadeira União ninguém deve esquecer ninguém.

Os Portugueses compreenderam que há atrasos na produção e no fornecimento de vacinas, na Europa, e em Portugal, e que isso ia impor, a partir de abril, vacinar mais e mais depressa para cumprirmos a meta avançada para setembro. E, também, que os responsáveis pelos favoritismos no desvio de vacinas iam ser exemplarmente punidos.

Os Portugueses compreenderam que sublinhar a essencial ajuda das nossas Forças Armadas – presentes desde março de 2020 – ao pessoal da Saúde e aos autarcas – é um trunfo no processo de vacinação.

Os Portugueses compreenderam que o bom senso já aconselhava – que provocar, nesta altura, crises políticas, com cenários de governos à margem dos partidos de resultado indesejável – em tempo perdido, em terceiras eleições no verão e nada de novo no horizonte – não servia para outra coisa senão para agravar a pandemia, nunca para a abreviar.

Os Portugueses finalmente compreenderam o mais importante – que o número de infetados por dia descia de mais de quinze ou dezasseis mil para entre dois e sete mil e o de mortos descia também, e isso – a manter-se – podia, dentro de semanas, um mês, um mês e meio, reduzir a enorme pressão sobre as estruturas da Saúde.

E agora?

Agora, é tudo muito claro, temos de sair da primavera sem mais um verão e um outono ameaçados. Em vida, saúde, economia, sociedade.

Temos de assegurar que a Páscoa, no início de abril, não será causa de mais uns meses de regresso ao que vivemos nestas semanas.

Temos, até à Páscoa, de descer os infetados para menos de dois mil, para que os internamentos e os cuidados intensivos desçam dos mais de cinco mil e mais de oitocentos, agora, para perto de um quarto desses valores. E descer, também, a propagação do vírus para números europeus. Estabilização esta duradoura, sustentada, sem altos e baixos.

Temos de manter o estado de emergência e o confinamento, como os atuais, por mais quinze dias, e, apontar para prosseguir, março fora, no mesmo caminho, para não dar sinais errados para a Páscoa.

Temos de melhorar o rastreio de contaminados, com mais testes, mas, sobretudo, com mais operacionais, e ter presente o desafio constante da vacinação possível. Sem essas peças-chave não haverá um desconfinamento bem-sucedido.

Temos de, durante essas semanas, ir estudando como, depois da Páscoa, evitar que qualquer abertura seja um novo intervalo entre duas vagas.

Temos de continuar a apoiar e apoiar depressa os que, na economia e na sociedade, sofrem com estas semanas de sacrifício.

Tudo sem crises políticas.

Tudo sem cenários de Governos de unidade ou salvação nacional.

Não se conte comigo para dar o mínimo eco a cenários de crises políticas ou eleitorais.

Já nos bastam a crise da saúde e a crise económica e social.

Foi esse o mandato que recebi há cinco anos e que termina a 8 de março.

É esse o mandato que recebi, renovado, para começar a 9 de março.

Vencer as crises, mesmo as mais graves.

Não provocar as crises, mesmo as mais sedutoras.

E, contar, sempre, mas sempre, com os Portugueses!

E é a Eles que me dirijo, a terminar.

Quero agradecer-vos este confinamento global.

Quero apelar-vos a mais resistência ainda no futuro próximo.

Quero dar-vos esperança, porque sem esperança o dia a dia de sacrifício perde todo o sentido.

Vós – Portugueses – sois, na verdade, a única grande razão de ser de nós termos orgulho em Portugal!