Durante mais de meio século, Pedro Tamen foi uma figura ativíssima da nossa vida cultural e cívica. Como militante de grupos católicos de orientação conciliar, como cineclubista, como crítico literário, como diretor e colaborador de jornais e revistas (entre as quais «O Tempo e O Modo»), como editor na Moraes e responsável da fundamental coleção Círculo de Poesia, como membro do Conselho de Administração da Fundação Gulbenkian, como dirigente de associações de escritores, e claro, como tradutor e poeta.
São de Tamen algumas das traduções mais conhecidas e celebradas das últimas décadas, de Diderot, Flaubert, Breton, Proust ou Perec, ou de Garcia Márquez, entre muitos outros. E à sua poesia, de temática cristã no início, e depois progressivamente surrealizante, lúdica, hermética, sempre inventiva, tão depressa erudita como ligada ao quotidiano, ao amor, à artes plásticas, foram atribuídas diversas distinções que o consagraram como um autor singularíssimo, respeitado e admirado pela crítica e pelos seus pares.
Foi também um amigo que hoje perdi. À família de Pedro Tamen envio as minhas sentidas condolências.