Saltar para o conteúdo (tecla de atalho c) Mapa do Sítio
Este sítio utiliza cookies apenas para melhorar a funcionalidade e a sua experiência de utilização. Ao navegar neste sítio está a consentir a utilização dos mesmos.

Presidente da República recorda Eunice Muñoz

Apresento as minhas sentidas condolências à família de Eunice Muñoz, uma atriz a quem bastava como identificação o nome próprio: dizíamos Eunice e não havia outra. Como de facto não havia.

Nascida numa família de atores, Eunice estreou-se profissionalmente aos 13 anos, e trabalhou até 2021, oito décadas depois, começando e terminando a carreira no mesmo palco, o do Teatro Nacional D. Maria II, em 1941 dirigida por Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro, e em 2021 na companhia de sua neta, com uma peça contemporânea sem palavras, como se a sua presença fosse, como era, suficiente não apenas para aquele espetáculo, mas para evocar décadas de memórias que dela todos tínhamos.

Trabalhou em teatro com Palmira Bastos, Maria Matos, António Silva, Vasco Santana, António Pedro, Raul Solnado (com quem fundou a Companhia Portuguesa de Comediantes), Carlos Avilez, João Lourenço, Filipe La Féria, João Perry, Fernanda Montenegro, entre tantas e tantos, e distinguiu-se em peças de Racine, Brecht, Anouilh, Brecht, Genet, em «Zerlina», a partir de Hermann Broch, e em «O Ano do Pensamento Mágico», a partir de Joan Didion. No cinema, entrou em filmes de Leitão de Barros, Lauro António e João Botelho. Das suas participações televisivas, lembramos antes de mais a protagonista de «A Banqueira do Povo», na RTP.

Como aconteceu com alguns dos grandes nomes do teatro em Portugal, notabilizou-se em vários meios, em vários registos, nos clássicos como nos contemporâneos, nas obras ousadas como nos grandes sucessos de público, sendo possivelmente a figura mais reconhecida do teatro português do último meio século, e a mais querida também.

Tive oportunidade de estar com Eunice diversas vezes ao longo do meu mandato, de a ver e ouvir, de a aplaudir, de com ela conversar, e de a homenagear, fazendo minhas as palavras de tantos portugueses na admiração e carinho que lhe tivemos e na grata memória que dela guardamos.


Logo pela manhã, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa evocou a atriz:

“Portugal está de luto.

Nós habituámo-nos à ideia de que a Eunice Muñoz era eterna. Fisicamente não é. Resistiu a uma, duas, três, quatro crises de saúde. Mas é eterna no nosso espírito, não a esquecemos.

Marcou a nossa vida durante décadas e décadas e, portanto, eu queria, em nome todos os Portugueses, agradecer-lhe uma vida dedicada ao teatro, mas também ao cinema, à televisão, à cultura em Portugal, isto é, dedicada aos Portugueses.

Não a esquecemos, nunca a esqueceremos, estará sempre no nosso coração.”