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Presidente da República evoca Ana Luísa Amaral

O Presidente da República lamenta com grande pesar o falecimento de Ana Luísa Amaral, escritora, tradutora e professora de Literatura e Cultura Inglesa e Americana na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Tendo-se estreado em livro em 1990 com «Minha senhora de quê», uma década e meia depois, entre a primeira «poesia reunida», publicada em 2005, e a segunda, em 2010, tornou-se claro que nenhum roteiro da poesia portuguesa das últimas décadas ficava completo sem Ana Luísa Amaral, não pelas semelhanças com outros, mas pelas singularidades: determinada temática, determinada imagética, e uma certa toada, melódica e dissonante, tocante e irónica.

Seguiram-se anos especialmente prolíficos: novos livros, versões de Emily Dickinson, de Louise Glück, de Margaret Atwood, dos sonetos de Shakespeare, traduções de livros seus na Europa e nas Américas. Prolíficos também em prémios, uns nacionais (APE de Poesia, PEN de Narrativa, Jacinto do Prado Coelho de ensaio, Vergílio Ferreira), outros internacionais (de que se destaca em 2021 o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-americana).

Mais recentemente, em abril deste ano, o Presidente da República condecorou a poetisa com o grau de Comendador da Ordem de Sant’Iago da Espada e a entrega das insígnias estava prevista para a abertura da Feira do Livro do Porto, no final deste mês, onde seria, e será, homenageada.

E se esse percurso literário tem sido amplamente reconhecido, lembremos que nunca esteve desligado quer da carreira universitária, na Universidade do Porto, quer da intervenção cívica: a tese sobre Dickinson, os ensaios sobre as «Novas Cartas Portuguesas», o «Dicionário de Crítica Feminista», o empenhamento em causas culturais, sociais e políticas.

Escapando à homogeneidade um pouco fictícia das «gerações», Ana Luísa Amaral não deixou de ser veementemente do seu tempo; diversificando os seus trabalhos, produziu uma incindível unidade. Para usarmos os versos de um dos seus poemas mais conhecidos, podemos dizer que o «excesso mais perfeito» é aquele que abdica da soberba mas não da ambição.